segunda-feira, 30 de abril de 2007

O amor

Ao ver o nome desse tópico, da impressão de que vai falar agora um profundo conhecedor do amor. Não se engane, quem vos fala agora é apenas mais um fanático por filmes, altamente influenciável, que acaba de assistir "Como se fosse a primeira vez".
O filme me fez pensar demais sobre a perda de memória e a situação de de repente você acordar um dia e não se lembrar de muito tempo de sua vida. Mas me fez refletir principalmente sobre o amor.

O amor tem motivo?
...tem tempo previsto?
...tem fim?
...como começa?

Tantas dúvidas já deixam mais que comprovado que quem aqui vem discorrer sobre este tema é um leigo. Mas existe alguém que não seja leigo no amor?
Eu ouso dizer, por livre e pura audácia e questão de opinião, que ninguém é mais profissional no amor do que quem está amando. Não basta já ter amado. O pretérito inclusive é um fator negativo no caso desse substantivo chamado amor.
A princípio, se o amor é no pretérito, significa que já não existe mais. Se não existe mais é porque algo deu errado e tudo o que da errado nos ensina. Provavelmente uma das primeiras coisas que fez parte da evolução do homo sapiens desde os primórdios da humanidade, graças a Deus, foi a capacidade de aprender e fazer diferente numa próxima situação similar. Mas esse dispositivo está tão aguçado que ao tentar nos proteger, as vezes acaba nos enganando. No amor isso se aplica. A cada desilusão criamos mecanismos de auto defesa que nos impede de tomar certas atitudes. Já reparou como nos primeiros namoricos, quando começamos a experimentar a sensação de estarmos apaixonados, não medimos nossas atitudes?
Se da vontade de falar, nós ligamos; se da vontade de elogiar, elogiamos; se da vontade de ver, vamos até a casa da pessoa e por essa ser uma situação tão gostosa e nova, as vezes ficamos até "grudentos" demais. A primeira vez que você se ilude com alguém (quando a paixão já não tem mais aqueeeela intensidade) e ouve falar que você pega no pé demais é até difícil de acreditar. O contrário também se aplica. Não é uma frase incomum: Você não me da atenção!
Esse é só um exemplo das primeiras atitudes mais comuns, mas são várias outras coisas que acontecem e que você sempre descobre no final do relacionamento em meio a brigas.
Como seria bom se errássemos tudo que desse pra errar no primeiro relacionamento. Assim todos os outros seriam perfeitos. Apesar que se fosse perfeito, não seriam todos os outros. Seria apenas o próximo. De qualquer forma, ta aí uma coisa que não acontece. Acho que poderíamos viver 200 anos, 300, ou ainda, vamos chutar o balde, eternamente. Nunca poderíamos errar tudo pois relacionamento é algo complexo e que da margem pra muitos erros.

Será que a partir disso tiramos uma descrição para o que é o amor?
O amor consiste em um relacionamento entre duas pessoas (vamos nos manter no convencional) onde a chave para a boa convivência é cometer o mínimo possível de erros.

Vamos tentar teorizar mais um pouco.
Segundo a Barsa, o amor se caracteriza por "sentimento máximo de afeto, atração ou desejo. Pode ser inspirado e experimentado por pais, filhos, amantes, amigos e divindades".(©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda., 2007)

No Aurélio eu encontrei o seguinte verbete:
amor(ô)[Do lat. amore.]
S. m.
1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa;
2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração;
3. Inclinação ditada por laços de família;
4. Inclinação forte por pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta grande variedade de comportamentos e reações.

No aurélio eles ainda conseguiram fazer classificações para o amor.
  • Amor à primeira vista - Amor súbito, ao primeiro encontro.
  • Amor carnal - O que busca a satisfação sexual.
  • Amor físico - Amor carnal.
  • Amor livre - O que repudia a consagração religiosa ou legal, representada pelo casamento.
  • Amor platônico - Ligação amorosa sem aproximação sexual.
Seu amor pode ser classificado em uma dessa categorias?

Deixemos a resposta do que é o amor pela visão cognitiva da língua portuguesa e vamos para o lado científico.

Amor é sentimento ou emoção?
Podemos considerar emoção como “um conjunto complexo de reações químicas e neurais, formando um padrão” (DAMÁSIO,2000, p.74).
O sentimento em si pode ser considerado como uma experiência mental privada de emoção. Para simplificar é algo que você sente não fisicamente. O sentimento pode provocar uma emoção como por exemplo calafrios, sudorese ou ainda uma liberação intensa de endorfina (produzida na hipófise e liberada para o sangue juntamente com outros hormônios, é uma substância natural produzida pelo cérebro que desperta uma sensação de euforia, bem estar, prazer).
O amor sem dúvidas é uma mistura de sentimento e emoção.

Não contente com essas descrições e já saindo do campo racional para o campo sentimental vou tentar então descrever o significado do amor da forma que mais combina com a palavra, um poema. O primeiro que me veio em mente foi o Sonêto 11 de Camões mas seria um tanto quanto obvio e sem graça pra definir algo que já tentamos de tantas formas. Então o escolhido foi o poema amar.

Amar

Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,amar e malamar,amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito, o cru,um vaso sem flor, um chão de ferro,e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,doação ilimitada a uma completa ingratidão,e na concha vazia do amor a procura medrosa,paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossaamar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 29 de abril de 2007

Poema de Duas Almas Perdidas

(Giuliano Pelaquin - 2007)

Lembro-me com alegria,
Do cheiro de pele que me trás nostalgia.
Os alentos perturbavam o bem estar,
Que senti todas as vezes que toquei teu corpo.
Em meio aos teus cabelos me perdi,
Sem saber que mais perdido eu estaria,
Quando não os tivesse mais.

Tateando a sua volta eu via,
Que aos poucos me refazia.
E quando a noite dava lugar ao dia,
Estava pronto, com sono, mas feliz.
Em um balde de água fria, enfio a cara,
Já gelada, do orvalho que escorria.
Se não era de mentira, hoje posso lhe contar.
Tive tudo que queria, quando vi no seu olhar o afeto, cintilante.
Já completo eu pude crer.

Esperei por outras vezes, paciente entre as cortinas,
Onde as luzes permeavam o meu lado,
E a penumbra vinha me acalentar.

Mulher de uma noite, infame indutora do pecado.
Dissipaste dele as palavras,
Transformaste-lhe num homem calado.

Mulher da carne fraca, sua boca emoldurada,
Só profere o estático. Já prefere o mal falado,
Ante ao tolo enamorado.

Mulher da vida ambígua,
Pela noite tu desfila, és rainha,Mas ao dia tu choras, és sozinha.

O Poeta Aprendiz

(Antologia Poética, 1977, Vinícius de Moraes)

Ele era um menino valente e caprino, /Um pequeno infante sadio e grimpante. / Anos tinha dez e asinha nos pés. /Com chumbo e bodoque era plic e ploc, /o olhar verde gaio parecia um raio para tangerina pião ou menina. /Seu corpo moreno vivia correndo, /Pulava no escuro não importa que muro e caia exato como cai um gato. /No diabolô que bom jogador, /Bilboque então era plim e plão. /Saltava de anjo melhor que marmanjo e dava o mergulho, sem fazer barulho./ No fundo do mar sabia encontrar, /Estrelas, ouriços e até deixa dissos. /As vezes nadava um mundo de água, /E não era menino por nada mofino, /Se entro uma vez embolo com três. /Sua coleção de achados do chão, /Abundava em conchas botões,/Coisas tronchas, seixos, caramujos marulhantes, /Cujos colocava o ouvido para entendido./Rolhas espoletas e balacachetas, /Cacos coloridos e bola de vidro. /Em gude de bilha era maravilha, /Em bola de meia Jogando de meia-direita,/Ou de ponta, passava da conta, /De tanto driblar. /Amava era amar. /Amava Leonor, menina de cor; /Amava as criadas, varrendo as escadas; /Amava as gurias, /Da rua, vadias; /Amava suas primas, com beijos e rimas; /Amava suas tias, de peles macias; /Amava as artistas, das cine-revistas; /Amava a mulher a mais não poder. /Por isso fazia seu grão de poesia, /E achava bonita a palavra escrita. /Por isso sofria de melancolia, /Sonhando o poeta, /Que quem sabe um dia poderia ser.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Cartilha de sobrevivência de um melancólico contra si próprio

Constantes indagações vagam em minha mente frenéticas provavelmente por falta de auto entendimento. Esse texto é uma resposta para estas.

Em primeiro lugar vem a dúvida. Em um momento eu tinha milhares de idéias futuras e essas sustentaram por muito tempo uma sensação de segurança e autoconfiança. Idéias sobre a vida, felicidade, simplicidade, trabalho, dinheiro entre outras opções que temos que enfrentar, o que não é algo ruim, mas nem sempre sabemos de que forma. Num segundo momento, todas aquelas idéias que me pareciam tão certas passam a soar de uma forma estranha, como se não fossem a resposta para o próximo passo. A emoção destra trilha provavelmente seja essa. Você escolhe o caminho de acordo com cada passo.

Por que chamo esse pequeno monólogo interior de cartilha de sobrevivência de um melancólico contra si mesmo?

Eu já passei pela fase de conhecer qual meu temperamento predominante e aprendi que quando um fator afeta um melancólico causando uma insatisfação, você será seu pior inimigo com suas milhares de dúvidas e seu emocional em disfunção . Sei que apesar de já ter mudado muito e me moldado incrivelmente ao decorrer de cada ano, mês e dia, ele está sempre presente, medindo minhas atitudes, alertando minhas idéias, me fazendo pensar antes de proceder por qualquer motivo. As vezes ele vem atrapalhar. Faz pensar demais, evita alguns erros que eu deveria cometer para méritos de aprendizagem. Mesmo assim ele é um companheiro fiel e insaparável e apesar de cometer seus erros, sempre pensa no melhor pra mim.

Pois bem, essa tal melancolia que me faz botar em cheque a veracidade da realidade que já era confirmada e a torna incoerente com os meus planos futuros. Acredito que só esse temperamento possa afetar dessa forma. Um fleumático com sua infinita persistencia não teria nem tempo de pensar um "talvez possa dar errado". Muito menos um colérico que atropelaria as ponderações excessivas e partiria para o objetivo traçado com rapidez ou ainda um sanguíneo com seu estado de espírito positivista inabalável.

É essa extrema dependência da parte emocional o que faz com que um melancólico se torne tão suscetível ao estado de espírito. Insatisfação com certeza é um veneno para os portadores deste temperamento. Seja no trabalho, no estudo, na família, na sensação de paralisia ou na impressão denão crescimento pessoal, ou seja, em qualquer detalhe da vida. Reconhecer que esta insatisfação é o fator que inicia uma cadeia de reações negativas sensoriais na sua avaliação pessoal é sinônimo de evolução. Conhecimento de si próprio. Cortar o mal pela raiz é o segundo impulso necessário. Acabe com a insatisfação inicial e as outras decairão como se fosse apenas parte de um grande complô da sua consciência duvidosa para com a verdade que já estava implícita nos fatos.

Mantenha estático todos os planos que você já acreditou e não acredita mais. Após seu estado de espírito estar recuperado não tem o que te segure mais.

Para resumir, é tudo tão fácil como parece desde que atitudes sejam tomadas. Dessa forma recuperamos o velho princípio de que só depende de nós. Grande abraço a todos.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Meu Primeiro Poema

Por que falar de paz, se não conheces a guerra,
Por que chorar de dor, se nunca se pôs a luta.
De que valem as lágrimas sujas, com sangue de quem destilou,
Tudo o que lhe era verdadeiro, sentimental, racional.
De você não nos resta muito.
Uma fina essência de força, que não nos da noção de tamanho, intensidade,
Mas nos permite saber que foi maior e maior do que vejo.
Então vês mais valia, se a força do exemplo nem sempre alcança o horizonte?
Resplandece em teu espírito, a nobreza e a claridade, cristalina como água da fonte,
Corrente, incessante, transparente.
Porque tens conservado pra sempre, tudo aquilo que passou.
Agora em teus lagos desabrocham, flores dos teus sonhos,
Elas já não dormem em paz, mas tranqüilas.
Pois aprenderam que o mundo ainda geme,
Contraído por doenças da humanidade.
Uma guerra acabou, e essa foi só mais uma enfermidade.
Mas a você, minha querida esperança, encerra o suplício.
Fecha seus olhos, cala tua boca, cessa teu medo e dorme em paz.

terça-feira, 24 de abril de 2007

O susto!

Entro no orkut e vejo uma mensagem de um grande amigo meu que também é fanático por Los Hermanos:

Todo carnaval tem seu fim..

Entrei no site e vi a seguinte mensagem:

Recesso

A banda Los Hermanos comunica a decisão de entrar em recesso por tempo indeterminado. Por conta disso não há previsão de lançamento de um novo disco.A pausa atende a necessidade dos integrantes de se dedicarem a outras atividades que vieram se acumulando ao longo desses dez anos de trabalho ininterrupto em conjunto. Não houve desentendimento ou discordância que tenha afetado nossa amizade tanto que continuamos jogando truco toda quinta-feira.Por conta dessa decisão, mesmo após o término da turnê do "4", resolvemos fazer duas únicas apresentações no Rio de Janeiro, na Fundição Progresso nos dias 8 e 9 de junho. Até lá.

Faltam explicações. Falta entender melhor. E agora?

Becarful Yourself

Bom meus amigos, fazer planos é se arriscar a obter metas não cumpridas mas ter metas pra buscar é de extrema importância. Não, não é de metas que eu vou falar hoje, mas terei que deixar de lado maiores explicações acerca do nome Objeto Subversivo, meta esta colocada pra hoje por mim mesmo. Vou apenas resumir rapidamente.
A palavra "objeto" vem do latim objectu que significa lançado adiante. Em seu verbete, fica descrito como:
* Tudo que afeta os nossos sentidos;
* Coisa Material;
* Corpo;
* Matéria, assunto;
* Fim, propósito;
* Intenção, desígnio;
* Agente.

Já a palavra "subversivo", é um adjetivo que se originou a partir da palavra subversu, também do latim, com o significado de desabado. Está descrito no dicionário como:
* que subverte (explico pra caramba!!);
* Revolucionário, rebelião;
* Ação de subverter, virar de baixo pra cima;
* Arruinar, afundar.
Dessa forma, a minha inteção eh de que esse blog seja um agente revolucionário. Não quero implantar uma ideologia, mudar o mundo e não tenho pretensões maiores de mudar outras pessoas. Isso aqui é simplesmente algo meu para mim mesmo. Um espaço onde eu possa expressar idéias que caso também interessem a você que está a ler, lhe façam pensar um pouco e tirar suas próprias conclusões.

Assim já explicado o significado deste blog vou partir ao assunto principal ao qual eu vou discorrer hoje. Se você tem estômago fraco não leia a história.

Eram 11:00 de uma segunda-feira comum e eu saía para meu horário de almoço. Havia comprado dois xaxins de samambaias que queria colocar no meu quarto. Minha tia (especialista em samambaias) me falou que tinha duas samambaias muito bonitas plantadas no fundo de seu quintal, na terra mesmo. Parti direto pra casa dela. Ao chegar fomos vê-las. Eu dizia onde planejava pendurar as duas pteridófitas quando ouvimos um barulho estranho na rua. Não dei muita imporância até ouvir o primeiro grito. Corremos eu e a tia Mariquinha para a frente de casa. Ao abrir a porta, vi do outro lado da rua um rapaz caído na calçada. Ele aparentava ter uns 30 anos, em torno de 1,80 e não era gordo mas estava um pouco acima do peso. Minha tia o conhecia pois é o rapaz que mora na casa em frente a onde ele estava caído.

Tudo foram questões de segundos. Do momento em que vi a perna dele até a primeira ânsia de vômito. Sua perna estava totalmente deformada, com a tíbia quebrada no meio e exposta. A metade da canela pra baixo estava pendurada apenas por músculos e pele.

O rapaz trancou o portão e esqueceu a chave pra dentro. Ele pulou o muro e pegou a chave, mas naquele molho não havia uma chave para o cadeado do portão. Então ele teve que pular novamente para fora. Ao cair seu osso não suportou o esforço e partiu ao meio. Era tanto osso para fora da perna que da porta eu podia ver. Minha tia (que foi enfermeira por mais de 10 anos e tem um estômago que eu nunca vi igual) em uma reação de reflexo correu em direção ao rapaz já desesperada por ver aquela cena. Ao ouvir outro grito desesperado do homem eu acordei daquela paralisia e fui ao telefone. De dentro da casa do outro lado da rua eu podia ouvir os berros, o que dificultava mais ainda para discar os 3 números (190). Ao ligar e chamar a ambulância a atendente me disse que era da polícia. Eu teria que ligar no 193. Não me lembro se minha mão tremia mais ou menos do que na hora de ligar no 190 mas sei que também foi difícil. Quando fui atendido pedi uma ambulância com urgência, passei o endereço e falei que era um caso de fratura exposta. Após eu falar tudo que eu achei ser necessário a mulher me perguntou como aconteceu. Eu ainda não tinha nem pensado na situação ou em como ele pudesse ter se machucado. A única coisa que eu tinha em mente era a imagem que vi logo ao abrir a porta, a perna pendurada. Sem pensar e nervoso com toda uma situação pela qual eu nunca tinha passado, eu falei pra atendente: -Moça manda logo essa ambulância que o rapaz está sangrando muito. E enquanto eu ia falando ela tb ficava perguntando até que ela me cortou já falando em tom de voz de grito: -Moço se você não responder o que eu estou te perguntando eu não vou mandar a ambulancia então se acalma e responde, como se fosse possível simplesmente sair daquele estado de nervos e me acalmar. A minha vontade era de lançar aquele telefone na parede mas respondi logo o que ela queria. Depois pensei que aquilo de repente pudesse ser alguma forma que eles têm para se protegerem de trotes e evitar perdas de tempo. Apesar da curiosidade inevitável em ver algo tão "chocante" eu sabia das minhas limitações e resolvi ficar dentro de casa, onde apesar de ouvir ele gritar que estava doendo eu não via nada. O telefone tocou e imaginando que pudesse ser alguma coisa relacionada ao pronto socorro atendi. Era uma mulher querendo falar com minha tia. Eu já estava pedindo pra ela ligar um pouco mais tarde quando ela se identificou como sendo a mãe do machucado. Me vi com outro desafio. Ir até o homem caído no chão onde estava minha tia levar o telefone. Fui até lá e nisso já estava chegando a ambulância. Foram aproximadamente 12 minutos desde o momento que eu tinha ligado. Ao chegar perto eu vi todo aquele sangue no chão com uma textura já mais escura e grudenta como que já sofrendo ação do plasma e coagulando. Vi também estilhaços de osso por todo o chão. A esse ponto o rapaz já chamava pela mãe dele desesperadamente. Junto com a ambulância chegou seu pai. Fico imaginando que se eu já senti tudo isso vendo um desconhecido naquela situação, como seria ver alguem do meu convívio.

Mais incrível é ver a calma que os paramédicos têm. Não sei se essa calma vem da rotina de ver tantas coisas feias ou se a pessoa já nasce com esse sangue frio. Só sei que esse já é o primeiro requisito obrigatório que me desclassifica para ser um possível paramédico algum dia. Chegaram desejando bom dia a todos depois sem correria, levaram um pedaço de papelão até o rapaz. Eles avisaram que iria doer um pouco (como se já estivesse doendo pouco). Quando pegaram a parte que estava pendurada o homem gritava feito criança de tanta dor.

Depois de tudo isso fui embora pra casa, engoli o que consegui comer e voltei para o serviço. Meu dia se restringiu aquele acontecimento. Eu podia me distrair por alguns momentos enquanto trabalhava mas logo tudo voltava a cabeça.

Isso tudo me fez pensar, quão frágeis somos nós. Nosso corpo é uma máquina extremamente limitada como qualquer outra. O manual de instruções são as nossas sensações. As vezes achamos que podemos fazer algo que ele não aguenta. A pior parte não é essa. Como somos displiscentes na hora de cuidar desta máquina. Não nos importamos em deixá-lo mais frágil ainda nos utilizando de doses diárias de venenos que pagamos pra usar. Fumar um cigarro, tomar uma latinha de coca-cola gelada. Também dispendemos pouco tempo com coisas básicas como exercícios ou refeições. Nunca se esqueçam meus amigos. Mastigar também é importante. Quem não mastiga direito além de ter problemas digestivos ainda está mais propício a obesidade. Se cuidem. Não deixem que o seu peso se torne um obstáculo ao seu corpo. O mais interessante é que até mesmo as maiores fabricantes mundiais já se preocupam com a questão da saude.




Não pensem que eles se preocupam com vocês, mas sim com um "mercado-alvo", que vem surgindo e pode ser denominado como uma "geração saúde". Pessoas que não descartam o prazer de um refrigerante gelado mas dispensam as calorias. Será que os produtos que eles utilizam para manter o sabor substituindo os açúcares fazem bem a saúde?


Este ano a companhia PepsiCo está lançando no mercado a Pepsi Max. Esta vem a ser uma bebida com o mesmo sabor da Pepsi convencional mas sem açúcar nenhum.
Juntamente com a AmBev, a PepsiCo está lançando um produto que ela não denominou como um refrigerante, mas sim como uma "água saborizada". O H2OH tem uma quantidade mínima de gás suficiente apenas para ativar o sabor. Ela ainda tem uma quantidade suficiente para suprir a necessidade humana de vitamina B diária.
Não podendo ficar para trás, a Coca-Cola está lançando a Coca Zero que vem a ser um refrigerante com o sabor igual ao da Coca mas sem nenhuma caloria.
Mas eles foram mais além e estão lançando também o Enviga. Este vem prometendo fazer milagres. Segundo a Companhia o Enviga é um refrigerante que emagrece. Feito a base de chá verde, com 3 latas por dia você pode perder até 100 calorias (nossa quanta coisa!!).

Por fim, tendo a certeza de que já falei demais, fica aí pra você decidir se prefere os prazeres dos nossos venenos diários ou a saúde. Da minha parte o que eu posso dizer é Becarful Yourself.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Pra começar

Por que?
Sempre foi a primeira pergunta que eu tinha quando alguém me falava:
-Fiz um Blog!!
Assumo, também era bastante crítico. Ao mesmo tempo que eu perguntava, em minha cabeça já ia respondendo pela pessoa:
-Para falar bobagens, perder tempo e nos casos mais medíocres, para se mostrar para outras vítimas que pudessem acabar acessando aquela chatice toda. Apesar que isso não aconteceu muitas vezes. Tenho poucos conhecidos que tem blogs.
Hoje me deparo comigo mesmo, fazendo um blog e escrevendo meu primeiro post. Por isso senti a necessidade de compartilhar o porquê desse blog com você, amigo que já tem um blog e que com certeza sabe qual o motivo da existencia dele e com você, vítima de um acesso indesejado que aconteceu e que lhe fez "perder tempo" lendo até aqui.
Estava eu tentando juntar o útil ao agradável, pensando em como ganhar dinheiro com música (a coisa que eu mais gosto na vida). No mesmo instante me veio em mente uma banda de rock underground. A idéia foi deixada de lado tão rapidamente quanto surgiu. Não posso me esquecer que um dos motivos é o financeiro e o underground é o oposto do comercial. Pensei em algo mais simples que não envolvesse tantas pessoas como uma banda. Algo que só dependesse de mim. A única coisa que sei tocar é violão. Voz e violão, nada melhor que MPB. Pensei na questão financeira. Existem sim, aqui em londrina, alguns locais onde rola tocar mpb. Pronto! Estava tudo decidido fora um ponto, eu conheço muito pouco de mpb. O único nome que posso citar como um artista que conheço e gosto é Chico Buarque. Isso não é problema. Posso baixar mp3 de outros artistas consagrados. Artistas de MPB consagrados é o que mais tem. Mas eu não queria simplesmente escolher um artista de forma aleatória. A idéia era ver com quem começou a MPB. Procurei no companheiro de todas as horas, o Google, início da MPB. Fui no primeiro tópico que apareceu. Uma descrição da não menos companheira Wikipédia, que falava que a bossa nova foi a precursora da MPB e era representada principalmente por Vinícius de Moraes. Agora era fácil. Bastava ir na comunidade "Discografias" no orkut (quem ainda não tem essa comunidade, vale a pena adicionar), procurar pelo Vinícius e baixar algum cd para ver como era. Entre tantos títulos e coloca tantos nisso, escolhi um cujo nome é "Antologia Poética" de 1977. A imponência do nome ganhou meu clique. Após o download veio a surpresa. Não era um cd de músicas mas sim de poemas. Já era de se esperar pelo nome, mas eu em minha profunda ignorância, não conhecia as áreas em que Vinícios de Moraes atuava. A princípio houve uma sensação de decepção mas logo em seguida veio a curiosidade. Enquanto já procurava outro título pra baixar eu fui ouvindo aquela poesia. De repente me vejo deslumbrado pelas narrações. Eu nem tinha percebido mas já havia me adentrado nas histórias recitadas pela voz suave e de velho contador de histórias de Vinícius de Moraes. Naquele mesmo instante houve uma quebra de paradigmas pra mim. Parece bobagem mas só aí percebi que ninguém precisa se restringir a apenas uma área da arte. Eu que já me arriscava a escrever algumas letras de canções já havia sentido que as vezes dava vontade de escrever, mas era algo que não tinha musicalidade. Não combinava com melodia alguma. Mais espantado ainda fiquei ao ouvir alguns sonetos. Aquela mistura de dedilhados com som de violão de cordas de naylon e ao fundo a história sendo narrada, remetia a um ambiente paralelo onde realmente aquilo estava acontecendo. Tal a minha admiração por tudo aquilo que me parecia um brinquedo novo entregue nas mãos. No mesmo dia escrevi meu primeiro poema. Percebi que ao escrever e ao ouvir aqueles poemas eu estava treinando meu português tanto no sentido da gramática quanto no vocabulário. A cada poema ouvido era uma palavra nova.

Tudo bem, mas o que isso tudo tem a ver com a importância do seu blog? (eu como leitor, perguntando a mim mesmo, como escritor)

Calma que ainda falta um pouco de história hahaha.
Um dos poemas que ouvi no cd Antologia Poética se chama A Estrelinha Polar. É um poema pequeniníssimo e que mistura simplicidade e complexidade tudo ao mesmo tempo. Foi amor a primeira ouvida. Eu quis então ler aquele poema e novamente recorri ao google... Estrelinha Polar... e me aparece escrito em um blog, Megeras Magérrimas. Li o poema e acabei "perdendo meu tempo" lendo algumas da coisas que lá estavam escritas. Achei legal ver aquela expressão de sentimentos e pensamentos de duas amigas que lá postavam generalidades. O blog delas havia acabado de ser encerrado mas uma delas estava postando num outro blog, o Não Discuto. Quando entrei para visitar o blog, vejo que ela havia escrito diversos poemas (muito bons por sinal). Foi o suficiente pra terminar com o sentimento de que eu estava "perdendo meu tempo" lendo blogs. Depois vi que ela também escreve para outro blogs. Isso me interessou mais ainda. Ver aquela rede de pessoas numa troca constante de idéias. Foi assim que tomei a decisão e acabo então de montar esse blog. Vou melhorando ele e completando aos poucos. Espero conseguir manter este um espaço agradavel para quem quiser ler, opinar e criticar. No próximo post vou falar o porquê do nome Objeto Subversivo. Um grande abraço pra todos e fiquem com Deus.